Nascidos para nadar – como a natação faz bem para o corpo e a alma

Para nos manter saudáveis precisamos acelerar o coração e desacelerar a mente. A natação faz ambos.

A água exerce um fascínio sobre a humanidade não é de hoje. Muitas religiões a utilizam nos seus rituais, simbolizando purificação, renascimento, vida. Ela fonte universal de diversão – não só crianças são alucinadas por uma piscina (esteja o frio que for), como também adultos associam-na com relaxamento e qualidade de vida. Churrasco é sempre melhor à beira da piscina, e casas e condomínios utilizam-nas como um grande diferencial. Viver perto da água, um estudo neozelandês mostrou, é fator de redução do estresse.

Existe uma hipótese muito interessante – embora não amplamente aceita – de que a humanidade teria vivido de forma anfíbia, em rios, lagos, durante milhares de anos. Isso explicaria o fato de o homem ser o único primata sem pelo, que anda em pé, que tem o nariz virado para baixo, que tem gordura subcutânea entre outras características que ninguém explica definitivamente como surgiram. Seriam adaptações à vida semiaquática. É controversa por ser difícil de provar, além do que muitas de suas explicações têm concorrentes mais simples. Ainda assim, mesmo seus críticos admitem que ao menos parte da evolução humana deve ter ocorrido perto da água, sendo moldada por esse ambiente. Pode ser que isso explique nossa atração por ela. Pode ainda ser seu poder de dar a vida – já que ela é essencial na concepção, gestação, parto, além de parte indispensável da dieta. Ou então seu poder de morte.

Penso nessas coisas desde que comecei a fazer natação, há um ano. Para quem não acompanhou, de 2015 para 2016 fiz uma promessas de ano novo de ter uma dieta mais saudável. Nem tudo deu certo, mas entre outras coisas acabei adotando alguns comportamentos também mais saudáveis, e resolvi nadar. A experiência não poderia ser melhor.

Toda atividade física aeróbica traz bem estar, sendo eficaz até mesmo na prevenção e tratamento da depressão e da ansiedade. Mas a natação, em particular, alia os benefícios da atividade física com esse poder da água. A suspensão da gravidade, o relaxamento próprio da flutuação, já tornam o momento especial antes do exercício começar. Mas ele ainda agrega elementos ímpares: o nadador é forçado a manter uma respiração profunda e rítmica, focando sua atenção nos seus movimentos respiratórios e corporais. E esses incluem a contração e distensão alternadas de diversos músculos. Ou seja, os mesmos fundamentos dos exercícios de meditação e relaxamento.

Sei que não é uma atividade tão simples como a corrida (porque requer mais estrutura), tão glamourosa como o tênis ou tão popular como o futebol. Mas ao trabalhar ao mesmo tempo o corpo e a mente, a natação resume como poucos esportes o dito grego: mente sã num corpo são.

Fonte Estadão

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